05-06-2012
Aula
de informática? Não tínhamos chaves. Aula de matemática? Não havia luz. Ir ter
aulas na carpintaria? Estavam eles em avaliação. Há sempre outros programas, é o
que vale. Em vez disto, estivemos a jogar basket,
a conversar com os miúdos e a assistir à chegada da nova aquisição da escola -
uma iguana/crocodilo que um dos professores tinha apanhado no rio e
trouxeram-no para ser estudado.
Voltámos
a cumprir a nossa função de bibliotecárias, desta vez também "conselheiras
profissionais". Vinham falar connosco e nós perguntávamos o que é que eles
gostam, o que é que se imaginavam a fazer no futuro, onde, como é que lá podiam
chegar... Nós falávamos da nossa vida, o que é que tínhamos feito até agora e
de oportunidades que pudessem ser adequadas para eles. Foi mais uma conversa de
amigos e a maior parte quer casar, ter filhos, a sua machamba e, eventualmente,
criar um negócio de agro-pecuária. O Arlindo dizia que queria ir para Portugal.
Eles
estavam mortos por tirar fotografias, na machamba que eles fizeram aqui na
missão e connosco. Fizemos uma shoot no meio das alfaces, das cebolas e
das couves, das quais eles estão muito orgulhosos e estão, realmente,
preciosas. As fotografias, nem se fala.
Entrei
na casa dos formadores para combinar a noite de cinema e fiquei impressionada.
É uma divisão húmida, com muito pouca luz e que serve de escritório - com uma
mesa com computador, televisão e outros aparelhos - de quarto, cozinha e
sabe-se lá que mais. Um dos alunos, o Sacramento, e filho do formador Manuel,
já me tinha dito que os professores ganhavam muito mal e que havia muito poucas
vagas, mesmo assim, para os existentes. Isto porque o número de escolas só
abrange um número ridículo de alunos comparado com o de crianças e jovens neste
país. Que muitos também chegavam à 7ª classe sem saber ler nem escrever, não
era estranho.
E a vida
na escola também não é pêra doce, pelo menos nesta. Organizámos a noite de
cinema, no salão paroquial com uma televisão emprestada e os Piratas das
Caraíbas 4 pirateado (!) mas os miúdos pouco duraram até depois das 21:00. Já
sabíamos que a Lina se levantava às 4:00 todos os dias menos ao Domingo, mas
para pôr as coisas do pequeno-almoço na mesa, tomar banho e engomar o uniforme
(mesmo assim, não há necessidade). Mas que todos eles têm que se
levantar a essa hora... Só consegui olhar para eles com a maior admiração e
perguntar-me o que seria de mim se me obrigassem a levantar para limpar a escola
e tarefas do género. Ao meio-dia já eles têm um dia normal de trabalho no
corpo! Será que há assim tanto com que os encarregar, 200 alunos, todos os
dias? Misericórdia...
Por
último, estava a Joana de cama com febre a subir muito rapidamente, e nós a achar
que era duma distensão que ela se queixava na perna. Estava a ficar muito
preocupada, porque de certeza que não era disso mas também não sabia de quê e
não descia a febre mesmo com Brufen.
Só depois ela se lembrou que tinha encontrado, há uns dias, uma carraça na
perna que tinha deixado marca e lá a minha mãezinha disse para tomar uma bomba
antibiótica, que fez baixar a temperatura do corpo quase imediatamente e
normalizá-la passadas umas horas. Não me venham dizer que a minha maleta
farmacêutica é mariquice e que se deve tratar tudo naturalmente, não.
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