10-06-2012
"Como
me viaja!" é uma expressão daqui que eu adoro. Pode ser usada, mais
frequentemente, para nos referirmos a uma pessoa, mas não só.
Voltadas
às viagens, hoje, Domingo, foi mesmo dia de laró. Depois da missa aqui na
Igreja ao lado da casa, tive um mata-bicho de rainha, com ovos mexidos, queijo,
pão, chá verde, café... Esta casa aqui é um luxo, com televisão por cabo e Laurentinas
no frigorífico.
O Frei
Filipe prometeu levar-nos à Cabeça do Velho, um conjunto de umas quantas
montanhas, que, duma certa posição, tomam – adivinhe-se – o perfil da cabeça
dum velho. Aparecem duma planície muito vasta e alisada, vêm-se aqui do centro
da cidade. Foi a montanha mais fácil a que alguma vez subi e com uma vista
muito diferente do habitual no Gerês ou na Serra da Estrela. Em 25 minutos, nem
isso, estávamos no cimo e a ver toda a cidade, uma serra maior lá longe, as
queimadas das populações espalhadas pelo mato... Foi uma grande sensação, estar
lá em cima. A terra tinha outra cor, já não argilosa, mas a mais comum para
nós, a castanha, por estar ao pé dum pântano.
O Frei
também adorou ser o nosso fotógrafo profissional no cume e nós aproveitámos.
Tirámos mais fotografias juntas do que em quase dois meses! Ele é que orientava
o ângulo melhor, a pose, a pedra ou a árvore onde devíamos estar empoleiradas.
Continuo
a achar muito peculiar o quanto toda a gente acredita nos espíritos e se guiam
pelas suas vontades. Todos diziam que a montanha é lugar de peregrinação para
fazer rituais e sacrifícios para afastar o mau-olhado e encontrámos um grupo a
gritar uns impropérios não sei bem com que propósito. O melhor é quando, com um
encolher de ombros, dizem "Isto é África, onde há espíritos... Lá na
Europa não há nada disto, de certeza, pois não?"
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