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quinta-feira, 7 de junho de 2012
Moçambique #35
21-05-2012
A Irmã Laurinda, directora do conselho pedagógico, guiou-nos numa volta de reconhecimento pela casa das Irmãs e apresentou-nos os professores em falta. Fomos ainda conhecer a biblioteca, que eu imaginava com vários corredores, centenas de livros e que, na realidade, tinha cinco mesas e não mais de uma centena de manuais para a escola toda. Quase todos já usados por alunos portugueses e enviados para cá. Há-de nos servir, também não faz sentido a necessidade consumista da mudança dos mesmos de dois em dois ou três em três anos.
Encontrámos o Sr. Manuel, director do curso de agro-pecuária, que nos convidou logo a ir assistir à "tutoria de alternância": os alunos do terceiro ano, têm uma semana para ir investigar sobre um tema, na sua família e/ou comunidade, e apresentam depois aos professores, tipo tese. Cada uma de nós ficou com um professor, a tentar perceber o que é que eles já tinham e corrigir eventuais erros. O tema era sobre fontes de rendimento e, as pesquisadas por todos, eram provenientes das machambas e criação bovina e suína. Os erros ortográficos eram mais que muitos, já que eles escrevem como falam. Por exemplo, o "pipino" e o "distino". Mas o melhor foi uma a insistir que "couve" era "cove" por que assim se dizia. Penso que o maior obstáculo é os próprios professores pôrem perguntas com palavreado complicado, que nem os alunos percebem para entrevistar a comunidade. É preciso ajudar os professores mas, a longo prazo, quero sugerir que o programa deles seja mais simplificado e não chapa três do ensino em Portugal. Não há necessidade de eles terem 20 disciplinas, a realidade do primeiro ano, ao acumularem as gerais com as específicas do curso técnico. Ficam a saber muito pouco, não têm tempo para se dedicar a nenhuma e duvido que retenham alguma matéria.
Houve ainda tempo para conviver com a malta jovem cá de casa, jogámos Jenga enquanto tocava viola e lavámos a roupa e pusemo-la a estender, exactamente quando veio uma trovoada tropical.
Na hora do estudo obrigatório, tivemos um miúdo a perguntar como é que se chamava um vendedor de jornais, que o professor de português queria e, depois de algum tempo a pensar, ficou todo contente por lhe responder que era um ardina. Fizemos umas perguntas a dois que estudavam Geografia, os planetas e estrelas, e outros Inglês, que sabiam o equivalente ao nosso 5º ano, sensivelmente.
Já não nos vamos dar ao trabalho de continuar a contrariar os professores quando começam a assumir que somos professoras das matérias que ensinamos porque eles próprios não tiveram formação nas disciplinas que leccionam e, aquilo que nós achamos ser só saber um mínimo de algo, aqui é um tesouro.
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