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quinta-feira, 7 de junho de 2012
Moçambique #41
27-05-2012
Acordei tarde, às 7:00, e queria um Domingo relaxado, como eles devem ser, e consegui. Só faltou mesmo ovos mexidos e iogurte, os desejos de hoje para uma manhã perfeita.
Relembrando os fins-de-semana intermináveis em Lamas, pus-me a vasculhar as cassetes que os Freis cá têm. Tal como em Jangamo, 98% são filmes de pancada pura ou então de teor beato. Eu ando à cata dos 2%. Encontrei um realizado pelo Riddley Scott, com o Gérard Depardieu sobre o Cristóvão Colombo que mais que se enquadrava nos critérios, já de si, pouco exigentes.
Assistimos à final do torneio dos rapazes, entre o 2º e o 1º ano. Contra todas as probabilidades, mas com toda a justiça, ganharam os mais novos, num jogo emocionante de ver. Uns mais bruta-montes que chutam a bola para qualquer parte do campo, outros com a técnica toda e ainda uns que têm medo de partir as pernas e tornam tudo mais divertido. Para além de uma das equipas estar com o equipamento do Arsenal/oficial-da-escola vestido, mas sem chuteiras, e alguns terem apenas um ténis e uma meia num pé, partilhando o "extra" com algum que chutasse com o pé contrário ao deles. Distribuímos depois os prémios aos vencedores.
Às meninas oferecemos um verniz, uma caneta e um caderno e a eles os últimos dois e uma bola de plástico pequena. Achei piada ao facto de vir um jornalista da rádio local cobrir o evento e referir-se a nós como "as patrocinadoras".
Surpreendentemente, muito se queixaram os que tinham perdido por não terem prémio de consolação e "terem jogado para nada". Nós temos que manter a calma e não, simplesmente, virar costas e ignorar, menos ainda puxar do chinelo e mão na anca. Fizemos o nosso papel dizendo que o importante é jogar e eles ainda vieram com a conversa que para a próxima não se inscreviam. Também há miúdos mimados aqui, nunca me iludi a pensar que são só meninos puros, queridos e de sorriso na cara. Não estamos noutro planeta, só noutro continente.
Um deles dizia-me que "moçambicano não pode ver o irmão bonito ou rico". Não sei se é tão extremo ou é simplesmente um mal mundial e intríseco à raça humana.
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