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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Moçambique #57


12-06-2012

Mudamos de região e parece que estamos na nossa terra. Quase parece outra dimensão, ao vermos uma paisagem tão parecida com Portugal, mas apenas a um passo de distância da casa onde estamos a dormir. Metemo-nos na estrada e só vejo montanhas enormes, com muito calhau, rodeada de pinheiros, eucaliptos e o céu até se encheu de algumas nuvens mais escuras. Não fosse a vastidão imensa, homens, mulheres e crianças a levarem cana-de-açúcar à cabeça e os constantes chapas entre Chimoio e Machipanda, diria que estava na A8 a caminho de Coimbra.

Fomos visitar Manica e o Frei Calisto que nos levou à quinta monumental que estão a tentar reabilitar. São 150 hectares de terra fértil, com um riacho à entrada e todo o tipo de árvores já crescidas, entre elas abacateiros e lichieiras. É preciso muito trabalho para pô-las a render e o Frei diz que, primeiro, é necessário ter lá guardas já que, à noite, há quem venha roubar a fruta e, como aconteceu recentemente, as tubagens que transportam a água.

Houve ainda tempo, pela manhã, de ir, literalmente, pôr um pé no Zimbabwe e voltar para almoçar na missão. Comemos peixe de rio, que os Freis adoram, mas que não é, de todo, o meu cup of tea.
De seguida, a tão esperada e falada visita à farmácia natural das Irmãs! Em Msika, chama-se Centro Salvatoriano deTerapias Alternativas, e quem nos guiou por este sítio fascinante foi a Irmã Gladys. Fez-nos uma consulta e aprendemos muito sobre bons hábitos alimentares e de saúde, tais como: que não devemos beber nada gelado às refeições pois solidifica a comida e gordura no estômago, dificultando a digestão, a absorção do que é bom e a eliminação do que é mau; que devemos comer 60% de alimentos básicos e 40% de ácidos, quando fazemos o contrário; e os produtos animais devem ser consumidos o menos possível.

A farmácia tinha um cheiro muito calmante, vindo das milhentas ervas lá vendidas, que curam, basicamente, tudo. Trouxe umas para fazer chá e melhorar a pele, denominadas Parinari e Nim mas que também servem como “Depurativo do sangue, esterilidade masculina e feminina, malária, tónico cardíaco, pneumonia, febres, doenças respiratórias, reumatismo, diurético”, a primeira e “Malaria, fungos, diabetes, dermatites, diarreia, vermífuga, espermicida, antibacteriana, ulcera, antiviral, eczemas, psoriase, tumores, abaixa a tensão arterial, cândida, anti-térmica, micoses, membranas, mucosas, pulmão, intestino, salmonela”, a última. Assim fica já tudo despachado, just in case. Trouxe ainda uma pomada para a cara, dois frasquinhos de ginseng para a fadiga e moringa (claro!), que também cura o que se tem e/ou possa vir a ter e já o sabíamos devido aos ensinamentos contínuos e promoção das propriedades miraculosas da mesma, transmitidas pelo Frei Filipe. A 50 meticais cada, se não resultar, não há-de fazer assim muito estrago… não é? Espero que com tanto saco de erva verde não nos retenham no aeroporto.

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