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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Moçambique #59


15-06-2012

Estamos a voltar aos poucos para casa mesmo estando ainda em Maputo. É uma boa transição, tendo em conta que a nossa realidade têm sido terrinhas equivalentes a uma Freixo de Espada-à-Cinta.

Conhecemos um senhor chamado Cunha Vaz e a mulher, Fernanda, portugueses nascidos em Coimbra mas que sempre viveram em Moçambique e agora estão em Inhambane, desde há muitos anos. Adorei ouvir as histórias provenientes dos seus mais de 80 anos de vida e ainda os seus projectos para o futuro! Contaram muitos momentos amargos da independência, quando quase tudo o que tinham foi nacionalizado e foram expulsos do país durante algum tempo. Admiro a sua resiliência e capacidade de perdoar e andar para a frente, sem mágoa, apesar de não esquecerem. Agora só pensam em transformar uma propriedade, em Inhambane, num orfanato para meninas dos 5 aos 10 anos, em sociedade com o Bispo, e quiseram os nossos contactos para, quando tudo estiver pronto, irmos para lá trabalhar.

O dia foi em companhia do Frei Evódeo, um homem muito carinhoso e sereno, com uma paciência santa para nos levar a ver os spots da cidade. Passámos pelos caminhos-de-ferro, onde ele nunca tinha ido; por uma loja de artesanato com potenciais lembranças brutais, entre estátuas, caixas e caixinhas, pentes e anéis de pau-preto e pau-rosa, mochilas de cabedal e etecéteras; pela marginal, de seu ar tão bonita e pacífica mas, dizem, perigosa e deserta; e pelo fabuloso Jardim dos Namorados, mais cuidado do que qualquer outro e, só para não abusar, com um banquinho debaixo duma árvore com vista para o imenso mar. Ficámos por lá a tomar um cafézinho e, isto sim, é o meu tipo de turismo.

E como as estrelas têm estado sempre alinhadas para nós, já não bastava um luxo de um banho de água quente saída directamente da boca do chuveiro, a noite foi épica e o extremo oposto do que até aqui temos vivido. O Frei apresentou-nos uma família amiga, os Licussa, que muito amavelmente nos abriram as portas de casa e nos trataram como se fôssemos membros da mesma. Estivemos juntos ao serão, entre chamuças, rissóis de camarão e Lovoka (um vodka de caramelo delicioso) a conversar sobre as nossas vidas, a situação do país e tudo o que vem à baila quando se está entre amigos. Levaram-nos depois ao spot nocturno mais cobiçado, o Ice Lounge, onde o Pito, um dos irmãos, é promotor e fez com que nos sentíssemos rainhas mesmo envergando um outfit bastante “missionário”. Ficámos na parte das mesas com champanhe trazido até nós e no meio do que posso apenas descrever como dezenas de Rihannas. Elas estavam nos trinques, com micro saia ou leggings de cabedal, um dia de salão de beleza em cima, retiradas do que poderia ser um million dollar videoclip americano. Os moves de dança eram fascinantes e eu bem que tentei aprender com as três irmãs da família mas em vão. Fiquei com muita vontade de aperfeiçoá-los em casa para depois poder estar a par com elas! Mexer o corpinho assim é uma arte que liberta e faz muito bem…!

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