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quinta-feira, 28 de junho de 2012

Moçambique #55


10-06-2012

"Como me viaja!" é uma expressão daqui que eu adoro. Pode ser usada, mais frequentemente, para nos referirmos a uma pessoa, mas não só.

Voltadas às viagens, hoje, Domingo, foi mesmo dia de laró. Depois da missa aqui na Igreja ao lado da casa, tive um mata-bicho de rainha, com ovos mexidos, queijo, pão, chá verde, café... Esta casa aqui é um luxo, com televisão por cabo e Laurentinas no frigorífico.

O Frei Filipe prometeu levar-nos à Cabeça do Velho, um conjunto de umas quantas montanhas, que, duma certa posição, tomam – adivinhe-se – o perfil da cabeça dum velho. Aparecem duma planície muito vasta e alisada, vêm-se aqui do centro da cidade. Foi a montanha mais fácil a que alguma vez subi e com uma vista muito diferente do habitual no Gerês ou na Serra da Estrela. Em 25 minutos, nem isso, estávamos no cimo e a ver toda a cidade, uma serra maior lá longe, as queimadas das populações espalhadas pelo mato... Foi uma grande sensação, estar lá em cima. A terra tinha outra cor, já não argilosa, mas a mais comum para nós, a castanha, por estar ao pé dum pântano.

O Frei também adorou ser o nosso fotógrafo profissional no cume e nós aproveitámos. Tirámos mais fotografias juntas do que em quase dois meses! Ele é que orientava o ângulo melhor, a pose, a pedra ou a árvore onde devíamos estar empoleiradas.

Continuo a achar muito peculiar o quanto toda a gente acredita nos espíritos e se guiam pelas suas vontades. Todos diziam que a montanha é lugar de peregrinação para fazer rituais e sacrifícios para afastar o mau-olhado e encontrámos um grupo a gritar uns impropérios não sei bem com que propósito. O melhor é quando, com um encolher de ombros, dizem "Isto é África, onde há espíritos... Lá na Europa não há nada disto, de certeza, pois não?"

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