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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Moçambique #31


Homoíne, Inhambane, Moçambique


17-05-2012

Nova aventura em Homoíne e haverá muito que fazer aqui!

O Frei Viegas é um homem muito preocupado com os destinos desta missão, pelo menos é o que aparenta neste primeiro dia de convívio. Só cá está desde Janeiro, mas desdobra-se em actividades para ter a certeza que vários pedidos de diferentes proveniências são atendidos.

Começou a revitalizar a casa onde estamos, que lamentou estar muito degradada quando cá chegou, e vê-se que se preocupa com o sentido estético e o conforto destas casas, que também faz muita diferença. Por todo o sítio que passa, fala dum novo projecto, dum arranjo que precisa de ser feito, do que ficou por fazer... mas há sempre duas limitações maiores: o dinheiro e o pessoal.

Também já apostou muito na horta aqui da missão e nas machambas em Mubalo, a 8 km daqui. Têm lá uma casa no meio do mato onde guardam os instrumentos para trabalhar no campo e já começaram a plantar arroz, couve-repolho, pimento, tomate, milho e feijão. Sendo que uma das escolas que funciona aqui é de agro-pecuária, nada melhor que estagiar os alunos na machamba, colhendo depois para alimentação dos mesmos e receitas para a missão. É preciso investir mais nesta área, com tanto hectare para plantar! Quando lá fomos, encontrámos um grupo de alunos nessa casa, que lá tinha estado uma semana, só a trabalhar na machamba, vivendo depois na casa sem electricidade e só com uns colchões no chão. Pobres coitados, não há-de ter sido fácil. Mas pus-me logo à conversa com o Frei porque esta casa tem o potencial para ser um paraíso. Quando digo que é no mato... é mesmo no meio de nenhures e apenas a uns 15 minutos da missão. Estávamos lá ao pôr-do-sol e foi dos cenários mais idílicos que vi na minha vida. Não se vê um único poste de electricidade, um único sinal de civilização, a não ser a machamba e uma ponte por cima dum riacho, com coqueiros a perder de vista. E depois, esta casa, grande e branca, com uma varanda onde muitos pagariam, e bem, para estar. Vamos fazer disto o Hotel V, como ele diz! Já ando a sonhar, vir aqui reabilitar isto.

Fomos acompanhados por um senhor da Caritas e uma voluntária, com a qual estivemos de manhã. Ela, milanesa, está em regime voluntário por um ano em Moçambique, indo de escola em escola de uma ponta à outra do país, para fazer um acompanhamento da situação, trabalho que ele faz sempre sozinho. Durante a manhã, estivemos com ela enquanto foi a quatro casas vizinhas onde vivem ex-alunos da escola de agro-pecuária para ter feedback e saber como tem corrido a vida deles até agora. Nenhum se arrependia de lá ter estado, mas ainda estavam em casa, só tinham ainda trabalhado lá e não fora. Diga-se também que lá podem entrar com 14 anos e sair com 17, e este curso já técnico serve de equivalência aos 8º, 9ºe 10ºs anos e podem depois continuar a estudar noutras áreas.

O trabalho do homem da Caritas pareceu-me muito apelativo. Basicamente ele é consultor destas escolas em que a Caritas investe e dá apoio pedagógico, de gestão, e confirma que o dinheiro está a ser utilizado onde é mais necessário.

Ao fim do dia, temos banda sonora, dos mais de 6000 alunos que circulam por aqui, das campainhas da escola e dos cânticos dos mais novos. Estar na varanda, a ler o Equador, faz este país entranhar-se em mim.

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