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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Moçambique #27


13-05-2012

Domingo + dia 13 de Maio + Paróquia de Nossa Senhora de Fátima de Jangamo + festa moçambicana = bomba explosiva!

O dia não começou de feição com a mota do Frei Anselmo a expelir a câmara de ar para a berma da estrada e o nosso companheiro Land Cruiser ficar sem pneu, na madrugada mais importante do ano para a paróquia. Mas o que tem que ser tem muita força e, como diz o Frei Anselmo, ele nunca está atrasado para a missa porque esta não começa sem ele. Assim, um atraso de 45 minutos é irrelevante. As zonas aqui perto estavam todas presentes, para além dos músicos e instrumentos habituais havia três guitarristas e um sistema de som eléctrico, já que a missa era ao ar livre para umas quatrocentas pessoas. Os cânticos já não me saiem da cabeça e ando a aprender os passos de dança que as "manas" mais gostam - com missa de três horas dá tempo para isto e muito mais. Hoje até o Frei Anselmo dançou enquanto fazia a homilía! A seguir, houve almoço oferecido e preparado com muita dedicação e tempo pela comunidade, com direito a carapau, caril de amendoim, arroz, xima, guisado de galinha, frango no churrasco, batatas fritas, salada russa, salada de repolho, laranjas e papaia. A mesa não podia estar mais completa com todas as Irmãs, Freis, animadores e coordenadores da comunidade, mamãs e papás.

Na hora do descanso, a Sofia e a Joana finalmente gravaram os cds para a Irmã que não podia ter ficado mais contente. Eu aproveitei para dormir e preparar-me para a nossa rave de despedida. Começámos logo às quinze, como eles dizem, para só acabar às dezanove e trinta! Cozinhámos para 15 pessoas, e ainda sobrou muita comida. A ementa, típica dum jantar de amigos lisboeta: pão torrado com pasta de atum, esparguete à bolonhesa, cheesecake e bolo de iogurte. Tudo feito com muito amor, como mandam as melhores receitas e muito saboroso! Ficámos muito felizes que tivesse saído tudo como queríamos, é uma maneira simples de tentar agradecer tudo o que têm feito por nós. E deu para matar o desejo de comida mais europeia!

Mas, para mim, o melhor estava reservado para o fim. As aspirantes e a Irmã Arminda tinham preparado um show para o final do jantar, com chapéus de palha e batuque incluídos. Cantaram músicas sobre missionárias, de despedida, para dançarmos todos, em guitonga, e outras inventaram e escreveram letras a gozar com a maneira como nós pilamos a mandioca, por exemplo (parecemos umas velhas com artroses enquanto elas fazem tremer o chão e abrem um buraco na terra, tal é a força). É esta alegria que é contagiante e todo o cansaço que se fazia sentir foi posto para trás das costas e renovado a cada bater de palmas.

O Frei Filipe discursou em tom emotivo sobre a nossa estadia cá mas, a meu ver e sem falsas modéstias, quase demasiado bondoso. Agradece muito o termos vindo visitá-los, trabalhado cá, que depende das nossas notícias receberem outras missionárias e até pede desculpa por tudo o que tenha corrido menos bem, enquanto sei que eu é nunca vou conseguir retribuir os braços abertos com que nos acolheram e o que nos deram, privando-se eles de determinadas coisas. Nas palavras dele, "o moçambicano alegra-se em dar e, mesmo na pobreza, dá a sua alegria!". Que este espírito se conserve e, como lhe disse a ele, que eu possa levar metade desse espírito comigo, já vai fazer toda a diferença. Vou, com certeza, anunciar a todos os interessados que este local é um lar mesmo tão longe do berço, que as suas pessoas são trabalhadoras incansáveis e que só pretendem o bem-estar das que as rodeiam sacrificando o seu querer, e que nunca lhes falta um sorriso tranquilo e genuíno.

Bem hajam.

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