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sexta-feira, 4 de maio de 2012

Moçambique #16

02-05-12
Tenho andado um bocado doente, constipada, mas nada que uma boa dose de trabalho não obrigue a resolver.
Temos andado a pensar num presente para os miúdos e para as irmãs e como podemos prolongar os efeitos da nossa estadia por aqui. Por enquanto, já planeámos as actividades novas que vamos ensinar na sala, para que as titias possam continuar a fazer, tais como origami, quantos-queres, músicas que fiquem no ouvido com gestos, desenhos com papel vegetal… Também quero deixar uma ficha de cada miúdo, com o nome, idade, impressão digital, fotografia, o que querem ser quando forem grandes, cor e comida preferida, entre outros.
À tarde, a seguir ao hospital, ainda fomos a Maxixe, para adiantar um saco-presente que lhes vamos deixar com: um rebuçado, um caderno, um lápis de carvão e o que eles chamam de pipoca - um pacote pequeno de fritos, que eles estão sempre a comer no recreio. Para a escola, comprámos umas bolas de futebol, uma caixa de cem paus de giz e o Frei deu-nos umas canetas de feltro. Os miúdos ficam todos contentes, a Irmã Teresa mais ainda, e a nós não custa nada.
No hospital, a Irmã Adriana não estava pois tinha ficado em casa por estar doente, e nós ficámos as três na parte de consultas de mamãs e na farmácia. Estava tudo bastante caótico e parecia feito à balda, dando-se muito pouca atenção a cada mãe/futura mãe e ficámos um pouco desanimadas ao pensar que nem tudo é feito com a maior atenção aos pormenores e que pode levar a erros graves. Só era medido o tamanho da barriga, a tensão arterial, ouvido o coração do bebé com um objecto cónico de madeira, perguntava-se dormia com rede mosquiteira e de quantas semanas estava (várias não faziam ideia) e pouco mais… O resto da ficha, com mil e um pontos por preencher, levava com um risco em cima e estavam sempre umas cinco mães ao mesmo tempo dentro da sala.
Ainda é cedo para podermos dar palpites, e limitamo-nos à nossa ignorância, mas também temos vontade de fazer o máximo possível enquanto estamos aqui e, por isso, temos que estar mais tempo nos sítios e continuar a falar com as pessoas para perceber como tudo funciona e como poderia melhorar.

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