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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Moçambique #21


07-05-12

Tudo parece mais calmo, um chapa quase vazio é novidade. A razão dada é porque o Inverno já se faz sentir, expressão que para nós é pouco mais que risível, dado que estamos sempre de manga curta, quer sejam seis da manhã ou dez da noite. Mas a verdade é que há miúdos que vão para a escola de casaco polar e as pessoas queixam-se que é difícil levantarem-se de manhã. Eu não quero imaginar os nossos amigos postulantes durante o Natal fresquinho em Leiria.

O habitual e praseiroso cheiro a queimado faz-se sentir logo que saímos de casa, mas hoje despertou em mim um desejo súbito de leite-creme. E com isso, outros pitéus caseiros que me fazem falta onde quer que esteja e por qualquer período de tempo, como um arrozinho de polvo, um cheesecake... E a bica, santa bica...

Ainda em lides gustativas, há sempre novidades. Um fruto com o exacto sabor da goiaba mas que dizem chamar-se maicua e que nos deliciámos a juntá-lo com açúcar, fazer uma espécie de goiabada e comer com uma bananoca e o queijinho da vaca que ri; aprendemos, com a Irmã Arminda, a fazer um concentrado de maracujá de bradar aos céus (muito tempo de convívio franciscano faz nascer expressões destas com mais regularidade), e feijão-jugo ou pacura, uma junção perfeita de feijão-frade com grão de bico e que se come como snack, cozido.

Durante a manhã, levei a primeira letra do nome de cada miúdo escrita em papel vegetal com um lápis multicor que eles depois passavam por cima para ficar numa folha branca por baixo. Não testei foi esta actividade o suficiente e eles não conseguiram manter o papel vegetal fixo o tempo necessário para que saísse algo perceptível na folha branca... Para a próxima tenho que agrafar uma folha a outra, está-se sempre a aprender. A Joana, com a turma dela, pintou sal com giz de várias cores, que depois punha para dentro dum frasco, e que tomava uma certa forma lá dentro, como os habituais frascos de areia. Ficou muito engraçado e parece que os miúdos também adoraram!

Seguimos logo para casa das Irmãs pois chegara o tão ansiado dia para fazermos o víideo dos 50 anos da Irmã Teresa. Nós a pensar que nos despachávamos numa hora para ir ao hospital, qual quê, demorámos ali um tempão... O Movie Maker não funcionava, o portátil da Irmã decidiu transformar em atalhos todas as pastas com fotografias que eu levava no disco externo, apagando o que lá estava (momento intenso de pânico fotográfico), foi preciso escolher as fotografias ao pormenor, apenas aquelas em que a Irmã achasse que se parecia com "a presidenta" é que estavam dignas... Enfim, agora está tudo resolvido e daqui a muito pouco tempo vamos achar este vídeo uma pérola!

E, parafraseando o Frei Anselmo, no final do jantar de hoje, como mantra de boa noite "o tempo passa, a vida passa, e a morte se avizinha", seguido de uma gargalhada estridente. Este homem não existe.

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