06-05-12
Chegada a tão aguardada festa das crianças, preparada pela Irmã e nas preocupações de toda a comunidade, não desapontou. Uma missa de duas horas e meia, com direito a fatiotas especiais, crianças e mamãs de vozes muito afinadas devido às várias horas de ensaios, potência nos batuques e uma igreja sem lugares vazios. Vou daqui com um stock horário de missas que, em casa, compensaria por muitos meses.
A Irmã estava como que em speed, de um lado para o outro, a coordenar todos os presentes, tendo a certeza que eu fotografava cada momento e que ninguém se distraía. Ouvi uma fábula recentemente, de um sapo que vencia uma corrida em que as probabilidades de ganhar eram escassas e o público estava constantemente a gritar palavras desencorajantes mas que, mesmo assim, o sapo conseguiu chegar em primeiro. A razão? Porque era surdo. Penso que, parte literal, parte metaforicamente, a Irmã padece da mesma condição, para o bem dela e de todos os que são afectados pelo seu tsunami de energia e de querer-fazer.
Estava de visita uma Irmã e um padre angolanos, este último que celebrou a missa com a ajuda do Frei Anselmo. O início do sermão foi, no mínimo, desajustado a uma missa para crianças, onde foram lançadas expressões como "nesta festa podemos comer o corpo de quem nos convida, Jesus, nas outras festas não é assim!" e "quem não é fruto da videira, é cortado, fica fora da Igreja!". Mas depois redimiu-se, ao contar histórias algo cómicas, como a de que, no Inferno, as almas têm garfos atados aos cotovelos e que quando tentam comer, lhes cai tudo para as costas. A única maneira de se salvarem, física e espiritualmente, é alimentarem-se umas às outras. Não consigo, nem consegui, não me rir ao tentar imaginar a cena.
No fim, ainda houve tempo para trinta minutos de avisos (a paciência é virtude muito reforçada aqui). Um deles, que achei invulgar e de valor, foi o anúncio das receitas, despesas e saldo da paróquia nos últimos três meses. De notar que tem sido positivo. Adorava dar uma olhadela aos detalhes das contas!
Os postulantes cá de casa vão para Maputo amanhã e para Leiria dia 10, onde vão fazer o noviciado que antigamente era cá mas, por falta de interessados, foi acoplado com o português. O Frei Filipe teve, ao que parece, uma conversa séria com eles a seguir ao jantar, em relação a este passo importante com que se comprometeram já que se espera que de lá voltem já frades. Isto porque já muitos desistiram por razões interesseiras já que vêem uma maneira fácil mas desonesta de uma viagem para Portugal.
Como mais vale tarde que nunca, a Sofia tomou muitas notas da aula privada de Guitonga do Damião. Eu já lhe pedi para copiar tudinho! Achei foi um bocado estranho ele não saber, por exemplo, certas cores na língua que, ele afirma, sentir-se mais à vontade... Mas, pelo menos, sabe uma muito boa, o amarelo que, traduzido à letra, é "cor-de-banana".
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