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quarta-feira, 2 de maio de 2012

Moçambique #14

30-04-12
A energia hoje esteve em alta! Não sei se por ser início de semana, se pelo banho de mar, por nos habituarmos ao tempo quente mas estou mais inclinada para que tenha sido a necessidade i.e era mesmo preciso que hoje houvesse energia!
Alvorada habitual, chá Five Roses que o Ricoffy já enjoa, e escolinha com ele. Lá, estivemos concentrados nos cadernos que eles costumam usar, para treinar a destreza manual e algumas letras e números. Destreza essa que é escassa e 80% dos miúdos de cinco anos, não conseguiam fazer o número 3. Muito suei eu para que todos, ao fim de uma hora e tal tivessem dois 3 escritos no caderno! Alguns tentavam pôr-se em cima da folha e esconder o que estavam a fazer e iam olhando para cima a ver se eu continuava lá ou se tinham escapado. É mais fácil com duas pessoas a trabalhar com uma turma de quase 40 miúdos, como está agora, e a titia muito se deve esforçar para os ajudar, mas é preciso muita paciência e resiliência. Outros simplesmente não faziam nada até eu ir lá pegar-lhes na mão para escrever e, uma ínfima parte, mais aqueles que já estão nas escola desde os 3 anos, conseguiram à primeira. Disto passou-se para o alfabeto e contei uma história nova, que pouco tempo resta.
Fomos então para o hospital, a vinte minutos a pé da escola, de sandocha e tangerina na mochila. Estava muita gente, como da última vez, e é costume. Eu fiquei na parte das consultas de mamãs,  em que a todo o minuto a técnica que lá está pode ser chamada para realizar um parto, o que já tinha acontecido por três vezes nesta manhã. Adorei pesar uns quantos bebés, todos com menos de uma semana de vida, e preenchia a avaliação da evolução deles desde o dia de nascimento. Fiz também umas poucas “fichas” de novas mamãs que se quisessem inscrever – um papel amarelo do tamanho de dois cartões de visita, com o nome, data, valor da hemoglobina e assinatura da técnica (que fazia eu, era só um “T.P.C”) – com as quais muito me diverti já que aparecem nomes de mães, pais e filhos como “Cigarete” e “Castigo”. Mas a maior parte do tempo que lá estive, foi a dosear comprimidos, tais como Sal Ferroso e Paracetamol, para encher em mini-sacos zipados em que se escreve o nome e o modo de os tomar e a conversar com o farmacêutico sobre o hospital, enviados em grandes quantidades duma organização dinamarquesa chamada Missionpharma.
A Sofia também esteve na parte da farmácia mas a Joana foi para a casota da Irmã Adriana, onde se faz uma consulta de triagem e certos tratamentos mais urgentes, tipo feridas. Eu isso não consigo fazer mas, e ainda bem que não somos todos iguais, a Joana adora e fez um trabalho que em muito ajudou a Irmã. Logo nos primeiros minutos estava a receitar (!) comprimidos para serem aviados na farmácia de acordo com os sintomas do doente, que costumam ser indicativos de malária, pneumonia ou HIV, com a Irmã a dar o seu aval. É este o melhor indicativo de falta de pessoal por estas bandas e de como mesmo nós, sabendo tão pouco, podemos dar sempre uma mãozinha. Hoje, o tempo de atendimento desta casota foi, assim, tão simplesmente, reduzido para metade.

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