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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Moçambique #24


10-05-2012 #24

A nossa partida foi adiada para daqui a uma semana. Hoje já era para levarmos os presentes de despedida aos miúdos mas parece que ainda é cedo. O Frei Abel, que nos iria receber em Homoíne, teve que ir a Maputo e o Frei Viegas, o responsável da missão, está em Portugal. É da maneira que temos mais tempo para preparar o nosso jantarinho farewell que prevemos ser de tostas com pasta de atum, esparguete à bolonhesa, cheesecake e bolo de iogurte. Com o tempo que tudo costuma demorar, é bom que o vamos já fazendo.

O dia foi já o habitual, se é que isto se pode dizer. Na escolinha, levei uns recortes duma revista para eles colarem na folha e desenharem à volta qualquer coisa que tivesse a ver com a imagem. Só um ou outro é que o fizeram, é difícil tentar passar a mensagem, a não ser que digamos exactamente o que é preciso fazer. Uns decidiram pintar tudo à volta da imagem duma só cor, outros fazer uma arte mais abstracta, e outros decidiram ainda desenhar carros, bananas e os seus items de eleição. Numa expressão que eles próprios usam "Saiu errado porque esse aí depressou!".

O hospital estava literalmente vazio, logo à uma da tarde, foi fenómeno do Entroncamento. Por isso, bota em cima mais três horas de embalar comprimidos e fazer pensos.

A Irmã continua sem dormir por causa do vídeo dos 50 anos, que teima em não reproduzir a música durante a apresentação, mas ainda não desistimos de a fazer feliz. Hoje também nos veio mostrar três capolanas lindas, dizendo que seria o nosso presente de despedida mas queria ter a certeza que nós gostávamos e se era preciso ir trocar! Mas que não contássemos nada às outras Irmãs.

Cá por casa, escrevemos um e-mail ao Frei Vítor, ajudámos os Freis a fazer uns cadernos de cânticos, lemos, vimos DVD's sobre a vida selvagem e danças tradicionais com o Frei Filipe, e provámos mais uma especialidade local, a Xiquinha. É uma espécie de migas mas com mandioca cozida, amendoim e cacana - umas folhas selvagens de sabor parecido com espinafre mas dez vezes mais amargas e que ficam a fazer-se sentir no fundo da boca ainda por mais cinco minutos a seguir a serem comidas!

É assim, a vida no campo.

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