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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Moçambique #18

04-05-12
Acho muito curioso a Irmã Teresa fazer questão que vamos visitar a casa várias pessoas queridas ou conhecidas à comunidade. Tem algo de antiquado mas que devia ser obrigatório e faz-nos sentir tão acolhidas e que não estamos aqui apenas de férias nem como turistas. Ela quer que as pessoas nos conheçam, saibam por que estamos aqui e que fiquemos com contactos para uma vinda futura ou mesmo para que a comunicação não acabe quando voltarmos para Portugal.
Hoje, visitámos a animadora da comunidade de Cumbana, de nome Alzira, ao almoço. É uma senhora muito proactiva e preocupada com tudo o que a rodeia, jovem, com uma filha e que tem o maior orgulho naquilo que tem construído na vida. Muito conversa com a Irmã acerca dos problemas que afligem este povo enquanto nos oferece carapau em molho de amendoim e leite de côco, arroz e moelas. Mostra-nos fotografias de festas de família e o seu jardim, com muitas árvores de fruto e flores, e quase se indigna quando não fotografo todos os pormenores, fora e dentro de casa! É também ela que faz o licor de limão que temos em casa, deixando as cascas em aguardente Paradise e açúcar durante 7 dias. 
Até agora, a maioria das pessoas que conhecemos são assim mesmo. Não duvido que não sejam todas assim, mas costuma haver certas características comuns a certas culturas, e nestes irmãos e irmãs, como já é natural chamar, vejo muito orgulho nas suas pessoas e poucos complexos. Depois cada um tem a sua personalidade. Nada que não possa ser constatado, da melhor maneira, na escolinha, onde as crianças mostram exactamente aquilo que são. Há as que ficam no seu canto sossegadas, as que brincam sempre com o mesmo amigo, as que estão na galhofa com qualquer um, as que não resistem a picar o que está à frente no comboio, as que fazem birra por tudo e por nada, as que tem gosto em aprender, as mimadas... como em todo o lado!
Hoje levámos uma bola para cada turma, já que era dia de ficar pelo recreio e limpar a escolinha. Duas bolas tiveram morte imediata, só sobreviveu uma. É sinal que os miúdos têm energia, ficaram doidos a correr atrás dela! Os que estavam mais sossegados, foram alvo desta titia chata a querer tirar-lhes umas fotografias.
De tarde, hospital, a fazer tarefas básicas mas necessárias, como dobrar compressas (não há pensos rápidos, temos que usar sempre gaze que vem em rolos gigantes) e separar os comprimidos por saquinhos.
Já estamos a adoptar uma característica, espalhada por toda a gente: utilizar o som ”hum”para qualquer situação. Os miúdos na escola, quando lhes perguntamos se querem desenhar, a resposta é ”hum”. O operador do chapa, se vai para Jangamo, ”hum”. Aos Freis, a que horas é para acordar e não percebem a pergunta, ”hum”. Para evitar silêncios constrangedores no meio de conversas, vários ”hum”. Serve para tudo, mas é extremamente inconclusivo quando queremos saber o que quer que seja!

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